Uma Produção de CordaSonora

O Trovador

Legado Musical de D. Dinis

Uma digressão de concertos a solo / A solo concert tour

“O Trovador – Legado Musical de D. Dinis” assinala os 700 anos da morte do Rei-Poeta, através da realização de concertos comentados a solo pelo medievalista Ricardo Alves Pereira, que traz à luz um repertório raramente interpretado em palco, as Cantigas de Amor de D. Dinis.

Estes concertos comentados, de espírito educativo, decorrem em Junho de 2025, acolhidos por vários locais históricos e culturais no norte e centro do país. O público é ainda convidado a participar num meet & greet com o músico após cada concerto.

A música do rei sobrevive numa das duas únicas fontes seculares ibéricas com notação musical que se conhecem, o Pergaminho Sharrer, descoberto há apenas 35 anos na Torre do Tombo. As melodias apresentadas neste concerto são fruto do trabalho de Ricardo Alves Pereira, no âmbito do TWB Ensemble, baseando-se diretamente na fonte manuscrita.

“The Troubadour – Musical Legacy of King D. Dinis” marks the 700th anniversary of the death of Portugal’s Poet-King with a special concert series led by medievalist and performer Ricardo Alves Pereira. In these intimate solo events, Pereira unveils a rarely heard repertoire: the Cantigas de Amor of D. Dinis, offering audiences a unique opportunity to rediscover the music of one of the most fascinating figures of the Iberian Middle Ages.

Taking place across historic and cultural venues in Portugal, each concert blends performance with storytelling, inviting listeners into the poetic world of medieval courtly love. After each event, audiences are welcome to join a meet & greet with the artist.

The music featured in this series comes from the Sharrer Parchment, one of only two surviving Iberian secular manuscripts with musical notation—unearthed just 35 years ago in the Torre do Tombo archives. The melodies have been carefully brought to life through Ricardo Alves Pereira’s ongoing research with the TWB Ensemble, staying true to the medieval source.

Fundamentação Artística / Artistic Rationale

A poesia medieval ibérica é, em essência, uma forma de contar histórias, estruturada em géneros distintos, cada um com o seu próprio universo. As Cantigas de Amigo destacam-se como a maior coleção de poesia medieval narrada a partir da perspetiva feminina, trazendo à cena a voz da mulher num mundo dominado por trovadores. As Cantigas de Escárnio e Maldizer, por outro lado, representam a liberdade de expressão na esfera política e social, revelando o tom mordaz dos trovadores contra maus maridos, jograis medíocres, cavaleiros de comportamento duvidoso e outras figuras que, aos olhos da sociedade da época, “mereciam” uns versos de crítica. No entanto, a maior parte da produção poética medieval ibérica concentra-se nas Cantigas de Amor, um tema intemporal e universal. O impacto desse repertório pode ser medido pelo número impressionante de composições—milhares de cantigas escritas por centenas de trovadores, jograis e segreis—sugerindo a sua enorme relevância para o público medieval.

Apesar dessa vasta produção poética, a notação musical das cantigas de amor não chegou até nós em igual medida. Existe apenas um único pergaminho que documenta a sonoridade destas composições e que nos permite perceber como estas se poderiam distinguir do trovadorismo de outras geografias europeias. Felizmente, essa fonte pertence ao Rei-Trovador de Portugal, D. Dinis.

Embora parcialmente destruído, o Pergaminho Sharrer preserva melodias que acompanharam os poemas do rei, oferecendo-nos uma visão única sobre a sua obra musical. Seria ideal que tivéssemos acesso às melodias de todas as composições trovadorescas ibéricas, mas, sendo esta uma de duas únicas fontes sobreviventes, torna-se ainda mais essencial valorizá-la e explorá-la ao máximo. É através dela que podemos aproximar-nos da experiência trovadoresca, tanto pelas palavras como pela música de D. Dinis.

No concerto “O Trovador – Legado Musical de D. Dinis”, Ricardo Alves Pereira convida o público a mergulhar no universo do amor medieval e da coita d’amor através das palavras do Rei-Trovador. As melodias, cuidadosamente extraídas do pergaminho por Ricardo e sua parceira Esin Yardimli Alves Pereira, são apresentadas num formato intimista, com arranjos para alaúde solo e voz. Estas canções de amor, raramente interpretadas na íntegra em palco, prometem oferecer ao público uma experiência autêntica e evocativa, transportando-o para o imaginário medieval.

Objetivos

Ampliar o acesso à música medieval & Aproximar o público ao legado trovadoresco português

O projeto “O Trovador – Legado Musical de D. Dinis” nasce da necessidade de tornar a música medieval ibérica mais acessível, retirando-a do espaço académico e apresentando-a diretamente ao público. Através da interpretação da obra poética e musical de D. Dinis, esta iniciativa visa trazer para o presente uma tradição que marcou a cultura portuguesa, criando momentos de escuta e reflexão sobre a expressão artística do passado.

Com um forte caráter educativo e cultural, “O Trovador – Legado Musical de D. Dinis” propõe um concerto que explora a única fonte musical sobrevivente do trovadorismo português, o Pergaminho Sharrer. As melodias que chegaram até nós deste documento fragmentado são recriadas e apresentadas num formato que respeita a sua essência histórica, mas que também permite ao público de hoje sentir a intensidade e a emoção destas canções.

Para assegurar que este património chega a um público diversificado, os concertos decorrem em locais com significado histórico e cultural, incluindo espaços que promovem o estudo da Idade Média em Portugal, igrejas com acústica propícia a este repertório e centros culturais que acolhem iniciativas de divulgação do património imaterial.

Valorizar a recriação musical & Reforçar o papel da investigação histórica na arte performativa

A recriação da música medieval não se limita à interpretação de notas antigas; exige um processo rigoroso de estudo, experimentação e adaptação. O projeto “O Trovador – Legado Musical de D. Dinis” pretende reforçar o diálogo entre a investigação histórica e a prática musical, demonstrando como a música do passado pode ser resgatada e devolvida à performance ao vivo.

Ricardo Alves Pereira assume um papel ativo neste processo, aprofundando a pesquisa sobre as cantigas de D. Dinis e integrando os resultados na sua abordagem interpretativa. Através da reconstrução das melodias preservadas no Pergaminho Sharrer e da exploração de possíveis caminhos musicais para os textos que sobreviveram sem notação, o intérprete propõe uma experiência sonora única, que alia autenticidade histórica a uma execução artística envolvente.

Este projeto não apenas recupera um repertório raramente ouvido, mas também convida o público a refletir sobre o que significa trazer à vida a música de um tempo distante, permitindo que a herança trovadoresca continue a ecoar na contemporaneidade.

"Dar Voz ao Legado Trovadoresco"

Nas palavras do próprio Ricardo Alves Pereira

“O meu trabalho artístico tem sido dedicado ao estudo e à interpretação da música medieval ibérica, com um foco na performance historicamente informada e na reconstrução das tradições poéticas medievais. ”O Trovador – Legado Musical de D. Dinis” é a continuidade deste caminho, permitindo-me levar ao palco a única fonte musical sobrevivente do trovadorismo português, o Pergaminho Sharrer.

“Este projeto não se limita à investigação e à performance—trata-se de criar espaços onde esta música possa ser vivida como uma tradição viva. Ao apresentar este repertório em locais de relevância histórica e cultural, procuro reforçar a ligação entre o público e o património artístico da Idade Média ibérica. A tradição trovadoresca foi feita para ser ouvida, sentida e partilhada, e este concerto é uma oportunidade para fazer exatamente isso, tornando o legado de D. Dinis acessível e relevante nos dias de hoje.”

Ricardo Alves Pereira

Alaúde, Narração & Diretor artístico do projeto

Guitarrista, compositor, investigador e produtor. A paixão de Ricardo Alves Pereira pela música é ouvida num leque rico que inclui música clássica para guitarra, repertório medieval e renascentista interpretado em instrumentos históricos como o alaúde e a vihuela, e obras contemporâneas para guitarra clássica e guitarra elétrica escritas pelo próprio. A sua experiência musical estende-se ainda a instrumentos tradicionais de percussão, assim como ao canto e à declamação de poesia medieval, frequentemente acompanhados por comentários sobre a música e história medieval.

Ricardo viajou por Espanha, Itália, França, Alemanha, Reino Unido e Países Baixos, entre muitos outros países, em busca da melhor educação no seu instrumento. Recebeu 12 prémios pelas suas performances com guitarra clássica em várias competições internacionais na Europa, recebeu masterclasses de mais de 30 guitarristas de renome mundial, lecionou na Escola Superior de Música de Istambul e recebeu o apoio à investigação da Fundação GDA para os seus estudos de mestrado no Conservatório Real de Haia, onde também obteve a Bolsa de Excelência.

Ricardo assume papeis que vão desde a criação de arranjos e engenharia de som até ao design visual. Juntamente com Esin Yardimli Alves Pereira, gere a sua editora independente CordaSonora, um espaço artístico para os vários géneros musicais que os dois exploram.

É co-fundador do grupo de música antiga The Wandering Bard, e fundador de Leyriath Assemblage, um projeto músico-literário inspirado na música, mitos e tradições regionais da Península Ibérica. Entre os seus discos mais recentes destacam-se “OUD: Cantigas de Santa Maria” (2023), dedicado ao repertório medieval ibérico de Alfonso X, o Sábio, arranjado pelo intérprete para alaúde a solo, e RETROQUEST (2024), com composições originais para guitarra elétrica que unem o contemporâneo ao retro.

Ricardo é co-diretor artístico do Ciclo de Música Medieval de Leiria e do Dias de Música Medieval da Batalha.

Clique aqui para ver outros trabalhos de Ricardo Alves Pereira.

Concertos atualmente agendados: